quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Da razão de existir aqui

Eu não sei se eu quero ter um blog.
Eu achava que era legal, que tinha tudo a ver comigo que gosto tanto de ler e escrever, que seria um registro e um momento de reflexão dessa fase tão especial que estou passando com a chegada da Letícia na minha vida. Porém, não estou conseguindo desenvolver os rascunhos que começo.

Seria fácil justificar com a falta de tempo, totalmente compreensível quando se passa o dia sozinha com um bebê, mas não para mim mesma. Está rolando uma trava, um questionamento sobre o quanto estou disposta a mergulhar nisso, até aonde eu vou me expor, pra quem, com quem, como quem. Como eu?

Eu poderia ficar só descrevendo as pequenezas e as lindezas do dia-a-dia da minha princesa, ilustrar com as 5847592 fotos que tiro dela por dia, proclamar a felicidade e a alegria que ela me irradia com lindas e profundas frases feitas de amor. Poderia. Talvez faça. Mas, eu não sou só isso. No momento, não mesmo. Minha cabeça está bombando nível 5 do créu. Revendo muitos conceitos, refletindo e pirando sobre caminhos e decisões. Tudo isso, também, porque comecei a buscar um caminho mais consciente de maternar, olha, até palavra nova no vocabulário!

Eu já fiz um mergulho desses, já mergulhei fundo no meu auto-conhecimento com ajuda de livros, terapia e reflexões para entender melhor meus anseios, minhas atitudes, minhas crenças e valores. Dei uma pirada, óbvio, mas foi a melhor coisa que fiz para mim mesma. Tenho muito mais consciência sobre as minhas escolhas e necessidades do que antigamente quando vivia um dia após o outro deixando a vida me levar.. sorry, Pagodinho, não curto mais essa vibe de leva eu...

Agora que sou mãe (amo essa frase), estou sentindo uma grande necessidade de me aprofundar, de conhecer opções antes de fazer escolhas, ir além da intuição materna e do senso comum. É uma fase de descobertas e eu preciso definir qual o nível de reality show eu quero dar pra ela. Esse é o ponto! Até que ponto vale expor um pensamento que nem concreto está? Sonho com uma troca que não sei se vai rolar. E o desenho de borboleta do meu layout que não consigo terminar?

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Sobre médicos loucos

Apesar de ser bem saudável, ao longo da vida já visitei alguns médicos. Alergistas, otorrinos, oftamologistas, ortopedistas, endocrinologistas e ginecologistas diversos já tiveram o "prazer" de me consultar. E eu, ultimamente, tive o desprazer de conhecer cada maluco que só Jesus! Acho que esse é um fricote da gravidez que não passou no pós parto. Ou não.

Pois veja só, começando pela ginecologista que foi minha obstetra por apenas 25 semanas: Primeiro que eu tinha a sensação de que ela mal lembrava da minha pessoa a cada consulta e eu sempre fazia um retrospecto de tudo que rolou desde o início para ela se situar. Tudo bem que ela tinha muitas pacientes (mesmo com consulta marcada, as esperas no consultório chegavam a 3 horas sempre) e que é difícil lembrar dos detalhes, mas ter sempre a sensação de primeira vez é flórida. Segundo que falar com ela sobre parto normal era praticamente impossível. Cheia de argumentos prontos sobre as situações que poderiam comprometer o parto normal, ela nunca assumiu de falto sua posição. Eu descobri na sala de espera que todos os partos dela eram agendados e sempre às quartas-feira. Quando ela abriu que eu precisaria pagar por fora a equipe dela e que não poderia pedir reembolso do plano pulei fora, com 5 meses de gravidez. :(

O atendimento dos médicos que faziam os exames nos laboratórios também deixaram a desejar com frequência. Aconteceu 3 vezes de eu ficar com cara de bunda após a ultrassonografia pois não vi nem um perfilzinho, um pezinho ou uma mãozinha. Eles chegavam, mal olhavam no meu rosto, mediam o fêmur, o fluxo e tchau. Próoximo! Poxa, é tão significativo pra grávida fazer ultrassonografia! Custa ter um pouco mais de sensibilidade? Teve uma ultra na reta final que a médica teve a delicadeza de fazer um discurso contra "as moderninhas que viraram índias"  que queriam parto normal. Que era um retrocesso, que a gente não estava preparada, que ficavam todas laceradas, um horror. Infelizmente, na hora eu fiquei sem reação. Depois pensei que devia ter dito mil coisas, brigado, reclamado e talz.

O pediatra da equipe do meu obstetra foi de uma sensibilidade ímpar! Na hora que eu estava conhecendo minha princesa no centro cirúrgico ele veio falar comigo: Mãezinha, sua filha é muito grandona. Vou entrar com complemento pra sua filha pra evitar a hipoglicemia. Ela não tem nada, é só uma precaução. Muito grande ela. Gente, eu não entendi nada na hora! Cheguei a achar que tinha algo errado, mas ele disse que ela estava bem, fiquei confusa.  Que raiva que senti depois. Primeiro que: Mãezinha é o car@%ho, porra! Tava ali curtindo o momento e ele vem com essa intimidade diminutiva? Segundo que ele não se preocupou com a amamentação, foi logo receitando o tal do complemento e eu não pude evitar. Terceiro que ele me julgou. Ouviu um papo meu com o obstetra sobre algo que falei de internet e achou que eu era do tipo que acreditava em tudo que lia e veio com um discurso de que não é bem assim e blablablabla. Aff... Detestei ele. Detestei só ter ele no momento "ai, meu Deus, vou levar um bebê pra casa, como faz?".

Pra completar, agora no puerpério, tive dor de dente no ciso. Fui na emergência e ouvi pela vigésima vez que tinha que arrancar esse ciso. Fui numa clínica, e o dentista agendou para que eu extraísse logo os 4 com outro profissional. Depois da horrível experiência de arrancar dois em um dia questionei a real necessidade de extrair os outros dois que não apresentavam problemas e ouvi a seguinte resposta: É, eles estão saudáveis, se você não está sentindo nada... não precisa mesmo tirar. Oi??? Tchau!

Meu marido foi no ortopedista apresentar o resultado do exame de ressonância da coluna e ele: eu não sou especialista em coluna, se você quiser operar essa hérnia de disco, posso te indicar... Oi? Quiser? Isso é uma escolha e não uma necessidade?

O que está acontecendo, meu povo?  Como faz pra construir uma relação de confiança com relação a sua saúde depois de ouvir essas coisas? Onde tem um Dr Moretti que nem nas novelas do  Manoel Carlos?




domingo, 7 de outubro de 2012

2 meses perdida no tempo

Agora que minha riqueza completou 2 meses, quero registrar que:

- Na hora das vacinas doeu mais em mim do que nela (agora eu acredito nessa expressão!). A primeira picada foi um susto pra ela e na segunda ela gritou de ficar vermelhinha e perder o ar. Ai, tadinha. Chorou mais 10 minutos super sentida e depois dormiu soluçando, que puxa!
De reação ficou apenas levemente febril e chorosa de noite e no dia seguinte. Depois passou.

 - Ela está mais espertinha e sorridente. Fica uns bons 20 minutos balançando os bracinhos e as perninhas quando está deitada observando os móbiles. Também "conversa", emitindo sons quando falo coisas malucas pra ela. É um tal de Ahh! Ohhh! É! Ullllhhh! que pode deixar qualquer um perturbado.

- Vou virar compositora de música para ninar porque já inventei 3423425 músicas diferentes. Ela adora todas. Será um sucesso e ficarei Ryca!

- Desde semana passada, ela está com uma brincadeira deliciosa: durante a mamada larga o peito e fica me olhando, eu falo com ela e ela sorri de ladinho e volta a mamar. Passa 1 mim e ela faz a mesma coisa e de novo e de novo. Eu morro com tanta fofurice.

- Tanto eu quanto ela curtimos muito as férias do papai que cuidou muito da gente!

- E minha noção de tempo está totalmente deturpada. Eu penso:
2 meses passaram muito rápido! Meu Deus, já estou na metade da licença.
Nossa, ainda estamos muito no início da vida dela, suas fases, seu desenvolvimento, ainda tem tanto para ver e acontecer. Quando ela vai andar, hein?
Hoje é terça, né? Não? Ué, quando passou a quarta que eu não vi? 
Opa! Ela dormiu! Vou aproveitar e vou ali comer, escovar os dentes, tomar banho, falar no telefone, colocar roupa na máquina, fazer um suco, arrumar o quarto, ler, escrever no blog, olhar o Facebook, tirar o pijama..... ahhhhhhh já? Ela acordou, não deu tempo. Inclusive, meu maior dilema é: fico horas sentada no sofá com ela dormindo no meu colo ou coloco ela no berço/carrinho/bebê conforto coberta/descoberta/com barulho/sem barulho no claro/no escuro e tento fazer algo correndo porque ela acorda em 5 minutos cronometrados.

Sobre a noite, as pessoas me perguntam se ela dorme bem e eu sempre respondo que sim porque além de não me lembrar direito eu me confundo com as noites, enfim, só sei que ela chora, eu acordo, amamento, troco fralda e voltamos a dormir, quantas vezes e que horas é muito difícil precisar, mas dificilmente acontece dela despertar e ficar acordadona de madrugada. Acho que ela tem feito a proeza de dormir pouco mais de 4 horas seguidas. Então tá bom!

Bom não, está maravilhoso dormir e acordar com essas carinhas:

2 meses



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O dia do meu parto

Queria muito ter escrito sobre isso antes, quando ainda estava dopada pelos hormônios e pela experiência de parir. Com certeza o tom seria mais romântico, mais mágico... Agora estou um pouco mais na realidade. Eu disse: um pouco. :)
Apesar de ter lido por aí que cesária não é parto, às favas, claro que eu pari! Entrei no hospital buchuda e sai com meu bebê, oras. Foi assim:

Quando eu entrei na 39° semana, na quarta-feira, dia 1º/08/2012, confesso, já estava pedindo arrego. Não aguentava mais o peso da maior barriga do mundo, a minha. Sério, era uma barriga exagerada mesmo e as ultras apontavam um baby gorducho. Minha intuição totalmente falha, eu achava que não entraria em agosto grávida ainda. A ansiedade gritava comigo: Ainda nada? Nada.

Concentrei minhas expectativas na lua cheia que chegaria no dia seguinte. Tentei, em vão, me distrair durante o dia batendo perna com uma amiga, mas a cada xixi ou contração de teste eu ficava ligada esperando a próxima etapa que não vinha. De noite, conversei com meu marido sobre como me sentia ansiosa e preocupada, pois sabia que não aguentaria esperar mais de 40 semanas, nossa filha era muito grande e a gente sabia. Depois de toda a novela de mudar de obstetra para tentar parto normal, a minha preocupação era que eu realmente estava no meu limite. Decidimos rezar juntos e pedi de coração que acontecesse o que fosse melhor pra ela.

Levantei-me para fazer um último xixi antes de dormir e de repente senti um ploc! dentro de mim. O xixi já tinha acabado, mas desceu mais uma água. Opa! Pensei: algo acontece! Papel higiênico com um pouco de sangue. Caracas! Gritei meu marido e expliquei o que tinha acontecido. Ficamos nos olhando com um ar de "será?". Levantei-me e veio a confirmação: chuáaaa, a água escorreu (tem que ter efeito sonoro!). Carácoles! É sim! A bolsa estourou! Caracas! Que reza forte! Caracas! O que a gente faz? Mais chuáaa. Muita alegria, muita euforia! Reparei que a poça embaixo de mim não era branca e nem transparente, era escura, bem amarela. Achei não bom. Lembrei que li que água verde era água com mecônio e era não bom.

 Respirei e pedi meu celular, vamos ligar para o médico: Dr, a bolsa estourou e não estou sentindo nada. 
Ele: é mesmo?  
Acho que ele estava processando o que falei. Detalhe para a hora local desse momento: 1:10 da manhã.
Eu: sim, só que a água está amarelada. Não para de sair. O que eu faço?
Ele: Amarela? Vai pro hospital agora!!

Ok, partiu maternidade. Eu parada com água escorrendo de tempo em tempo, falando tudo que precisava pegar e marido que nem barata tonta, não sabia se limpava a água, me dava toalha, pegava as bolsas. A gente só repetia: Caracas, nossa filha vai nascer!

Às 01:35 demos entrada no hospital que é aqui pertinho. Gente, quanta água! Fui cheia de toalhas e entrei com o vestido encharcado no consultório. O médico plantonista me examinou: colo fechado, bebê não encaixado, monitorou o coraçãozinho dela e tudo ok. O monitor detectou algumas contrações mas eu não sentia neca. Ligou para o meu médico e eles ficaram falando sobre o tom de cor da minha água. Meu médico pediu pra falar comigo: Clarissa, estou indo pra aí, se prepara pra se não der pra ser normal, tá?

Não gostei. Não queria. Comecei a fazer mil perguntas, reclamar, questionar tudo. Fui para o quarto, começamos a acordar a família pra avisar que tinha chegado a hora e quando meu médico chegou ele me examinou e explicou que não dava pra esperar, não seria bom pra ela, o líquido amniótico, blablabla wiskas sachê, eu entendi que não iria controlar aquela situação, já estava tudo acontecendo inclusive a preparação da minha internação.

Em apenas meia hora eu já estava na maca em direção ao centro cirúrgico e foi exatamente esse o tempo que levei pra superar a frustração de não fazer parto normal. Me peguei pensando: Meu Deus! Minha filha tão amada, desejada, sonhada e esperada. Ela vai nascer agora, eu vou ver o rostinho dela. Nossa vida vai mudar. Eu queria tanto, eu esperei tanto. Não vou ficar bolada, eu pedi pra ser a melhor forma pra ela e é isso que está acontecendo. Então eu aceitei a minha situação e comecei a agradecer por estar passando por ela. Entrei sorrindo muito na sala de parto e fui super bem recebida pela equipe que saiu no meio da madrugada pra me atender. Conversei com eles o tempo todo sobre tudo e amenidades. Rolou a anestesia, não me assustou, tratamento de canal é muito pior.

Meu marido apareceu com a roupinha esterilizada e um olhão arregalado. Ele não se dá muito bem com esse lance de sangue, agulha e me preocupei se ele ía cair por ali mesmo. Nos comunicamos com o olhar e passamos segurança um para o outro. Pouquíssimo tempo depois (é muito rápido) avisaram que chegara a hora e o chamaram para fotografar.  A enfermeira cantou: 04:32. Abaixaram o paninho para eu ver e tcharam um bebê enorme erguido sobre mim. Atendendo ao meu pedido, colocaram ela, peladinha ainda, pertinho de mim por alguns segundos antes de limpar e fazer todo aquele troço de aspirar. Eu vi um rostinho tão lindo, delicado e cílios imensos nos olhinhos fechado dela e falei: Ownnnnn! Meu Deus! Que linda! Não sei explicar o sentimento a seguir. É muito intenso. Não tem palavra que descreva. Vou pular, não sei explicar, eu estava em alpha.

Ouvi comentários sobre o tamanho dela, enorme, gordinha, não ía passar nunca, etc. Deram palpites para ver quem acertava o peso. Antes de levá-la pro berçário colocaram-na em cima de mim, eu beijei, cheirei e morri de amor.

Ela e marido foram para o berçário e eu fiquei agradecendo a filha perfeita e saudável que tive enquanto me costuravam. Estava viajando tanto que quando as enfermeiras estavam me limpando e me preparando para colocar na maca eu vi uma perna passando e pensei: caracas, parece a minha! Ei, é a minha! Gente? Como assim?

O pediatra falou algo sobre leite, complemento, evitar hipoglicemia e eu em alpha não entendi nada! Até aparece na filmagem minha cara confusa respondendo: O quê? Eu não estou entendendo o que você está falando!! Antes tivesse entendido e tentado impedir de alguma forma. Como a Letícia nasceu bem gordinha (4,185 kilos e 52 cm), por "precaução", ele recomendou leite artificial para minha filha no berçário o que, ÓBVIO, atrapalhou a primeira mamada para nós duas. Porém, graças, essa questão foi contornada e é assunto para outro post.

O que faço questão de registrar por aqui é que apesar de não ter tido parto normal como eu queria e havia planejado, o nascimento da minha filha foi o evento mais forte e transformador da minha vida! Não sei se tinha ou não mecônio no líquido amniótico, se eu teria passagem ou não pra minha gorducha, se seria sofrido ou tranquilo, mas depois de tê-la bem em meus braços, que diferença faz agora?

 Posso dizer que eu entendo quem opta por fazer uma cesária por medo ou ignorância, tudo conspira para ser dessa forma, é tanta neura misturada com a insegurança e a inexperiência, você tende a dançar conforme a música. Me informei durante a gravidez e sabia da dificuldade que seria conseguir um parto normal via plano de saúde na saúde privada. Não me engajei ao ponto da militância, mas achei que estava fazendo o suficiente mudando de obstetra e questionando sempre sobre isso, talvez não tenha sido o suficiente, ou sim e realmente não era pra ser. Enfim, só sei que orei e fui atendida e aquele dia, 03/08/2012, não foi o dia do meu parto e sim o dia do nascimento da Letícia. É ela quem importa!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Surtos Gravídicos

Uma dia, estava me dirigindo a fila preferencial ostentando uma senhora barriga de 6 meses em um domingo no supermercado cheio (eu fazia questão até quando estava vazio, era meu direito, oras) e dei de cara com 2 jovens e uma periguete com um carrinho cheio na fila preferencial entre um casal com duas crianças e um senhor idoso na fila preferencial. Hummmmmm... Como assim? O supermercado tava cheio, um calor danado e eles, malandros, na fila preferencial que também estava cheia? aff... Pedi ao meu marido que falasse com o segurança pra "avisar" que eles estavam na fila errada, afinal, podia ser um engano. Ledo engano meu. Eles deram de ombros e deixaram o segurança (que tinha cara de bocó, diga-se de passagem) com cara de bocó. Passaram-se alguns minutos e aquele ar de indignação de todos na fila ficou pairando, alguns resmungos aqui e ali e tudo continuou igual. Nossa, eu só pensava: gente, tá errado! Ninguém vai fazer nada? Meu sangue deu uma fervida e quando meu marido percebeu eu tava lá na frente da fila com o dedinho levantado tirando satisfação com os fura-fila. Bláblábla. Problema não resolvido, mas eu e o idoso passamos a frente deles. Eu fiquei lá matutando por que as pessoas não respeitam as "regras" da vida em sociedade e por que todas as outras pessoas que estavam com a mesma sensação não fizeram nada e por que raios eu fiquei tão puta com vontade de voar neles.

Óbvio que precisava justificar meus surtos quando ficava mais calma para entender o que acontecia. Justificava tão bem justificado que acreditava piamente nas teses que bolava. Acredito nessa até hoje: A mulher grávida quer prover um mundo melhor para seu baby e portanto seu tolerômetro para pessoas "eu quero me dar bem e sou sem noção" é gravemente alterado. Agora junta isso com altas doses regulares de hormônios da TPM.

A vontade era banir desse reino, após um bem articulado sermão da montanha, todas as pessoas apressadas que não estavam em sintonia com o conto de fadas que DEVE ser a vida da grávida. Os mal-educados, escrotos e sem noção? Cenas de violência explícita pesadíssimas estilo jogos mortais passavam pela cabeça.

Problemas no trânsito eram pseudoresolvidos com gritos histéricos, xingamentos de gerações e buzinaço. Ai da atendente, vendedora ou caixa de supermercado que não me cumprimentassem sorridentes, quem elas pensam que são? Garçons, então? Eles tinham uma missão importantíssima nesse mundo, uma responsabilidade sem igual: comida. O preço de uma negativa na bagunça que eu sempre fazia misturando os pratos e acompanhamentos do cardápio era muito alto: praga de terçol com proporções de furúnculo!

Mas passou, tá? Juro! Agora sou uma pessoa calma, serena. Outro dia, no restaurante com minha filha de 3 semanas dormindo tranquilamente no carrinho, até sorri para a mãe que não segurou seu filhote hiperativo que meteu o carão no carrinho da minha filha e acordou ela no susto gritando: olha o neném, olha o neném! Grrrrrrrrrr....

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

40 dias e 40 noites

Até aqui está tudo bem. Aliás, tudo ótimo.
Minha princesa está com 40 dias de vida, super crescendo, super saudável e super cheia de gostosura. Estamos nos dando muito bem.

Li e ouvi causos alarmantes sobre esse início. Que eu não iria comer, não iria dormir, que era muito puxado, exaustivo, desesperador. Depressão, solidão, cansaço, baby blues. Pra mim até que não está ruim assim não.

Na primeira semana eu só chorava. Chorava e chorava e chorava, mas de amor, de alegria, de gratidão, de admiração.

Tive um pouco de dificuldade de adaptação com a tal pegada correta da amamentação e umas fissurinhas, de leve, nos mamilos, mas corri atrás de orientação com o pediatra e bancos de leite e em duas semanas estávamos totalmente adaptadas, sem bico de silicone, sem machucados.

Acordo de 3 a 4 vezes durante a noite para amamentar, marido ajuda colocando pra arrotar e trocando a fralda. Sem muito choro, sem nervosismo. Depois aproveito as sonecas longas dela da manhã e da tarde e dormimos juntinhas.

Me sinto um pouco presa e sozinha, por isso tem abusado da internet e do celular. Descobri as maravilhas das compras online, tiro 4293829384 fotos dela por dia e tento não ficar ansiosa porque senão dá vontade de comer besteira. Consigo até ver filme da net, utilizando o avançado recurso de pausa quando ela não está dormindo ou mamando, claro.

Bom, não sei se porque eu me preparei para uma guerra ou porque se eu estava (e ainda estou) chapada de ocitocina ou se porque ainda não deu tempo de sentir a pressão, nem chegou a fase hardcore das cólicas, mas estou achando tudo muito tranquilo.

Super tranquilo, sem neura. Aliás, estou amando. Sempre quis ser mãe e me preparei muito psicologicamente para este momento. Espiei muito de perto o nascimento de muitas crianças (são 9 sobrinhos!) e sabia o que estava por vir.  Sabia que essa fase não passa de um conjunto de fases. E todas passam deixando saudades.

A fase atual tem muitas descobertas. O rostinho dela muda a cada dia. É muito tocante perceber que ela me reconhece, me acompanha com o olhar e fica toda agitada quando ouve a minha voz mas não me vê. Hoje ela sorriu o dia todo, vai entrar pro diário como o dia do primeiro sorriso porque hoje todos foram provocados por uma mãe babona com voz aguda enjoada. Passei o dia tentando tirar fotos desse sorriso lindo banguela.

risadinha


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Por onde eu começo?

Enfim, consegui empurrar pra lá a sensação de "Como começo a redação?" que me invadia toda a vez que eu pensava em colocar em prática a minha vontade de escrever um blog.

Desde que entrei num mundo louco: o mundo gravídico, tenho sido uma leitora assídua da blogosfera materna, uma galáxia louca também, que me acalmou e conduziu na loucura hormonal na qual me meti. Loucura mesmo encontrar tanta coisa na exposição da vida alheia. Encontrei apoio, tirei dúvidas, virou fonte de pesquisa, dei risada, chorei, chorei, chorei, descobri que não estava louca, descobri coisas que não sabia, descobri coisas e gentes esquisitas, conheci as histórias de vida das pessoas, tirei lições pra minha vida.

Não só a vontade de entrar no "clube da Luluzinha", mas também a de registrar esse momento único da minha vida não só em fotos mas também em palavras me motivava com frequência a escrever, porém, só agora me sinto preparada pra falar. Eu achava que eram só os hormônios gravídicos que tinham virado a minha cabeça, mas a chegada da minha filha mudou tudo pra mim. Eu precisei de um tempo para assimilar isso. Ainda estou assimilando. Com certeza não está tudo assimilado. Meu blog trata-se de assimilação. Mentira!

Sério. Cada conceito, cada convicção, cada sensação, cada pretensão foi alterada por ela, mas juro, vou tentar não viajar na teoria do caos e nem filosofar sobre "a nova mulher que desabrochou dentro de mim" por aqui.  A minha intenção é guardar mais do que consigo na memória, fatos e sentimentos que chegaram junto com essa nova vida. O efeito Letícia é, na verdade, tudo que ainda está por vir. E que venha pois agora que sou mãe...( complete a frase com um superpoder).


Avental é sacanagem